Peça para um publicitário descrever um botão de camisa. Você ficará deslumbrado com tantas funcionalidades que ele vai achar para o botão, e vai até mudar o seu conceito sobre o pobre botãozinho.
Peça para uma pessoa apaixonada descrever a pessoa amada, aquela pessoa bem "feiazinha" que você conhece desde a infância e vai até pensar que ele está falando de outra pessoa, pois o apaixonado enche a descrição de delicadezas, doçura e gentilezas, transformando a fera em bela em instantes.
Peça para o poeta descrever o sol e a lua, e você vai se encantar pelos poderes apaixonantes da lua, pela beleza do sol que irradia seus raios como se fossem gotas do milagre divino no arrebalde da tarde quente, onde o amor convida os apaixonados para viver a vida intensamente.
Peça para um economista falar da economia mundial e tome uma lição de números, mercados, bolsas, câmbios oscilantes, inflação e mercados emergentes, e se não sair de perto, vai acreditar que, em breve, teremos a maior recessão da história e que a China é o melhor lugar do mundo para se viver.
E você? Como é que você descreve a sua vida? Quem é você para você mesmo? Como seria um comercial da sua vida? Como você venderia o produto você? Você é barato, tem custo acessível ou é daquelas figuras caras, daquelas que não tem tempo para perder com a tristeza e com o passado? Você tem 1001 utilidades? Aliás, você vive em que século mesmo?
Seja Omo, Brastemp, Lux de luxo, e se for chocolate, que seja logo Godiva, suíço e caro, porque gente especial igual a você não existe em nenhum mercado, e tem que valer sempre mais.
Paulo Roberto Gaefke