Rentabilidade na Pecuária de Corte

Muitos pecuaristas resistem à ideia de fazer registros zootécnicos e, se o fazem, não são disciplinados e não dão a devida importância aos dados e,

Muitos pecuaristas resistem à ideia de fazer registros zootécnicos e, se o fazem, não são disciplinados e não dão a devida importância aos dados e, muitas vezes, se quer sabem o que fazer com eles. É uma necessidade fundamental a qualquer propriedade o conhecimento dos conceitos dos índices zootécnicos para que possa ser bem administrada.

 

Rentabilidade na Pecuária de Corte

O Prof. Adilson de Paula, da FAZU, nos ensina "Como Aumentar a Rentabilidade na Pecuária de Corte". Este filme pertence a área dos 

Podem ser definidos como uma referência para que os pecuaristas possam aferir o grau de eficiência do seu manejo em cada fase da bovinocultura desenvolvida em sua propriedade.

Abaixo estão listados estes índices:

  • taxa de prenhez
  • taxa de natalidade
  • período de serviço
  • intervalo entre partos
  • idade de entouramento das fêmeas
  • idade ao primeiro parto
  • taxa de desmana
  • mortalidade média (1-2 anos, 2-3 anos, 3-4 anos, vacas)
  • idade de venda dos machos (bois gordos)
  • relação touro: vaca (cobertura a campo)
  • taxa de reposição (reforma anual de touros e vacas)
  • taxas de descartes (touro e vacas)

Três aspectos são importantes no entendimento destes índices: sua definição, os valores de referência e sua relação com o gerenciamento e os resultados da atividade pecuária. Os índices de referência deverão se transformar em metas na propriedade, advindo daí um projeto para se atingir estas metas de forma realista em um prazo factível, tendo como principal objetivo a melhora dos resultados econômicos da pecuária.

A pecuária tem se tornado uma atividade cada vez mais competitiva, daí a necessidade de busca constante de otimização. É fundamental considerar que de nada adianta atingir excelentes índices zootécnicos, se não forem acompanhados por excelentes resultados econômicos.

Criar um reprodutor, mediante altos investimentos em instalações, alimentação e sanidade, é muito diferente de criar milhares de novilhos visando ao abate. Enquanto o touro precisa de altos índices de performance, até mesmo como elemento de valorização do sêmen e outros produtos de sua criação, num rebanho comercial o ganho de peso e a idade de venda dos animais estarão dependentes dos recursos disponíveis, e, principalmente, de que a engorda seja lucrativa. Teoricamente, uma menor idade de comercialização é ideal, mas qual o preço do manejo para se atingir essa idade ideal? Pode-se dizer, inclusive, que um índice ideal em determinada propriedade pode ser inferior à referência, se a atividade é lucrativa, e oferece sustentabilidade em seu desenvolvimento em médio e longo prazo.

Portanto, o uso desses índices deve se balizar também na busca por bons índices econômicos, que determinam rentabilidade à pecuária de corte.


Os índices e suas definições

Taxa de prenhez

É calculada, dividindo-se o número de fêmeas prenhez pelo número total de fêmeas adultas. Dá a porcetagem de fêmeas prenhez ao final de um ano.

Este dados são levantados nas fichas de controle reprodutivo, contando os animais com gestação diagnosticada. 75% de prenhez é o mínimo aceitável tecnicamente, e 85% a 90%, um índice economicamente satisfatório.

Taxa de natalidade

Indica o número de bezerros nascidos, em relação ao número de vacas do rebanho. 82% é um índice tido como aceitável. Comparando a taxa de natalidade e a taxa de prenhez, temos o porcentual de perda de bezerros durante a gestação. Vacas que perdem bezerros durante a gestação continuarão recebendo cuidados sanitários, alimentos, e ocuparão espaço na pastagem até a próxima estação de monta, sem produzir resultado econômico.

Período de Serviço

É o espaço de tempo entre o parto e uma nova concepção. Pode ser obtido na ficha, livro ou software de controle, observando-se a data do parto e a data da cobertura, na qual foi diagnosticada a concepção. Para que a pecuária seja rentável, o número deve ser o menor possível, preferencialmente, entre 75 e 80 dias.

Mais uma vez vale destacar que uma vaca vazia é como um motor elétrico funcionando, mas sem função (só há gasto de energia, sem trabalho).

Percebendo um período de serviço muito alto, o pecuarista deve esmiuçar seus dados e as técnicas de manejo utilizadas, na busca pelas falhas que estão determinando a baixa eficiência reprodutiva, genética, nutricional, sanitária, etc.

É importante ressaltar, também, que esses índices estão relacionados entre si. Por exemplo: período de serviço muito longo determina baixa taxa de prenhez, que, por sua vez, leva a uma baixa taxa de natalidade.

Entretanto, uma alta taxa de prenhez pode ser útil, quando a taxa de natalidade é baixa (o que indica que o problema do manejo está acontecendo durante a gestação).


Intervalo entre partos

É dado pela soma do período de serviço e o período de gestação. Indica de quanto em quanto tempo uma vaca irá parir uma cria.

O período de gestação é definido como o espaço de tempo compreendido entre a concepção e o parto. Dura de 280 a 285 dias nas fêmeas europeias, e de 290 a 295 dias nas zebuínas. A data da concepção é a data da inseminação sobre a qual foi diagnosticada a gestação. Nesse caso, a relação é direta: um período de serviço muito grande vai determinar um maior intervalo entre partos.

O intervalo ideal é de 365 dias, ou seja, uma vaca deve produzir um bezerro por ano.

Idade ao primeiro parto

Está registrada no caderno de controle do rebanho, sendo um medida que indica a precocidade da fêmea. Esse é um aspecto importante, pois é preciso considerar que uma fêmea emprenhada um ano mais cedo que as outras, estará produzindo uma cria a mais em sua vida útil, na qual estará produzindo cinco ou seis crias.

Em termos de faturamento bruto, uma cria a mais pode significar até 20 % do que a matriz poderia oferecer em toda a sua vida útil.

Daí a influência desse índice na rentabilidade da propriedade, e que está diretamente dependente da genética (é preciso fazer seleção no rebanho visando essa característica) e do manejo (por exemplo, da nutrição adequada das novilhas durante a recria).

Taxa de desmama

É dada pelo percentual de bezerros que chegaram à idade de desmama em relação ao total de vacas em idade de reprodução em uma propriedade. A taxa ideal é de 97, 5%. No gerenciamento da atividade pecuária, é preciso levar em conta que uma baixa taxa de desmama indica baixa habilidade materna da vacada, ou manejo incorreto das crias desde o nascimento.

Variações repentinas na taxa de desmana de um ano para outro, num mesmo rebanho, indica problemas de manejo.

Vacas com baixa taxa de desmama crônica devem ter prioridade de descarte.


Mortalidade média

É indicada pelo percentual de animais mortos, em relação ao total de animais do rebanho, descontados, é claro, os descartes e a retirada para abate.

O pecuarista deve trabalhar para que esse índice seja “zero”, utilizando todas as ferramentas de manejo disponíveis.

É possível fazer uma avaliação mais acurada de cada etapa do manejo (cria, recria e engorda), calculando-se a categorias animais (1-2 anos, 2-3 anos, 3-4 anos, vacas), a critério do manejador.

Idade de venda dos machos

Este índice se refere à venda de bois gordos, e pode ser adaptado também à idade de venda das fêmeas obtidas em sistemas de cruzamento terminal (no qual machos e fêmeas são abatidos).

Há que se considerar a variação do peso mínino de abate entre raças, de 16 a 22 arrobas, caindo um pouco para o caso das fêmeas.

Quanto antes esse peso for atingido, mais rapidamente o animal será vendido, acelerando o giro de capital na propriedade, abrindo espaço para que outro animal possa ser engordado, e garantindo ao mercado a produção de carne de alta qualidade, em função da baixa idade do animal. É claro que essa velocidade de engorda será também calibrada em função dos custos dos alimentos.

Relação touro: vaca

Para cobertura a campo, essa relação é muito importante. O custo de manutenção de um touro na propriedade é bastante grande. Se os touros são maus manejados, apresentam problemas sanitários ou deficiências físicas, apresentam baixa capacidade de cobertura, obrigando o fazendeiro a ter de adquirir e manter mais touros na propriedade, aumentando seus custos de produção.

Em geral, um touro para 30 a 40 vacas, em monta natural a campo, pode ser considerado um bom índice.


Taxa de reposição

Corresponde à reforma anual de touros e vacas, ou seja, quantos animais anualmente são substituídos no rebanho em função de problemas sanitários, reprodutivos ou descarte por idade.

É importante salientar que uma alta taxa de reposição pode ser interpretada de diversas maneiras.

Pode ser alta porque o índice de mortalidade é alto, e por isso é um problema para o pecuarista. Mas também uma maior pressão de seleção, com descartes mais intensivos dos piores animais, assim como a substituição de fêmeas antes do início de seu declínio reprodutivo (mais jovem), é positivo para o rebanho, em termos de melhoramento, desde que, é claro, estejam disponíveis animais de reposição geneticamente superiores aos repostos.

Taxa de desfrute

Todos os índices discutidos até aqui influem diretamente sobre um índice principal, que é a taxa de desfrute, ou seja, o percentual de animais, retirados anualmente para abate, sem decréscimo no tamanho do rebanho. Os índices brasileiros variam em torno de 20%, tendo evoluído de uma média de 12,6% no início da década de 90. O índice ideal, no entanto, é uma taxa de desfrute próxima a 36%.

Evolução do rebanho

Outro aspecto importante a controlar é a evolução do rebanho, ou seja, saber como fazer o rebanho crescer e, ao mesmo tempo, produzir, escolhendo entre várias opções de manejo. Considerando o estoque inicial de vacas e de touros, os nascimentos e compras no ano, as mortes ocorridas, os índices zootécnicos alcançados ou esperados, as vendas do ano, é possível planejar o tamanho do rebanho do final do ano. Simplificando, o número de animais no rebanho pode ser calculado pela fórmula abaixo:

(Estoque inicial + nascimento e compras no ano) (-) (mortes e vendas) = Estoque Final

Com base nessa fórmula, será possível ao pecuarista fazer previsões mais adequadas, para se programar quanto à disponibilidade de pasto e volumosos conservados, por exemplo.


Outros índices

Diversos outros índices acabam sendo incorporados ao dia-a-dia do pecuarista, conforme ele evolui na atividade. Em determinadas fases do manejo, dá-se mais atenção a um fator, do que a outro. É o caso de índices como lotação de pastagens, em unidade animal por hectare, considerando a unidade animal pelo valor de 450 kg de peso vivo, e que está diretamente relacionado ao manejo das pastagens em uma propriedade.

Economia Pecuária

O setor da pecuária de corte brasileiro, como outros setores da economia, tem passado por profundas transformações no mercado interno e externo nos últimos anos, principalmente a partir do ano de 1994, quando foi implantado o Plano de Estabilização da economia (Plano Real), a partir de quando houve um aumento de competitividade e das exigências de mercado de uma produção de carne a baixo custo e de alta qualidade, entendendo-se agora como qualidades nutricionais e de segurança alimentar. Os pecuaristas tradicionais já estão sentindo estas mudanças, pois ficaram descapitalizados nos últimos anos, mas muitos ainda não conseguem compreendê-las ou querem aceitá-las.

A filosofia de acumular patrimônio foi interessante até o início da década de 90, porque as terras de pecuária de corte se valorizavam muito, e era uma maneira do pecuarista proteger o seu dinheiro contra as altas taxas de inflação, investindo em ativos reais.

A partir do ano de 1994, as terras passaram por uma grande desvalorização, tendo seu preço caído pela metade na maioria das regiões de pecuária de corte. Por isso, a filosofia tem mudado para a produtividade e o pecuarista começa a entender que a sua fazenda vale mais pelo potencial que tem de produzir bezerros e bois gordos e não mais pela valorização da terra.

O mercado de carne tem se tornado cada vez mais exigente em qualidade, daí a importância de se dar atenção a inúmeros detalhes para que a atividade seja rentável.

Até a década de 80, as margens de lucro alcançadas pelo pecuarista eram muitos grandes, pois era possível produzir uma arroba por US$ 4,00, e que era vendida por US$ 11,00 a US$ 15,00. Naquela época, a rentabilidade da pecuária era tão atraente que permitiu o surgimento de uma série de distorções e ineficiências (administração à distância; baixa produtividade; excessiva concentração de investimentos em imóveis; baixa eficiência comercial; desrespeito à vontade do consumidor final de carne e falta de associativismo), tornando a atividade pouco competitiva para os tempos atuais. Com a redução nas margens de lucro que tem ocorrido nos últimos anos, faz-se necessário aumentar a produtividade animal e da terra e a escala de produção para que o produtor consiga se manter na atividade.

As carnes de outras espécies, como a de frango e a de suíno, eram pouco expressivas no mercado interno, até o início da década de 90, mas, na atualidade, são grandes competidoras da carne bovina.

Nesse novo cenário, alguns pecuaristas têm procurado soluções para seu negócio e isto pode ser evidenciado pela participação destes, em dias de campo, palestras e cursos. As entidades de classe e as instituições de ensino e pesquisa têm percebido este anseio do pecuarista e, por isso, têm promovido esses eventos com uma frequência muito grande. Os pecuaristas têm usado tecnologias indicadas pela pesquisa e extensão, tais como: desmama precoce; produção de animais precoces e superprecoces; uso de confinamento para terminação de animais na entressafra; semiconfinamento; pastagens de inverno; pastagens tropicais irrigadas; pastagens adubadas; uso de cercas elétricas; controle estratégico de parasitas; uso de inseminação artificial; cruzamentos, entre outras.

O pecuarista também precisa procurar se manter informado sobre a comercialização do seu produto, pois, quando informado, mais fácil será antecipar as tendências de mercado. As boas informações sobre a sua atividade devem ser entendidas pelo produtor como um insumo tão importante quanto aos demais que utiliza no manejo do seu rebanho.

 

 

 

 

 

Emprego e Renda 29-02-2012 Cursos

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