O carvão é obtido por meio da carbonização da madeira. Mas que é a carbonização? A carbonização é o processo que consiste na degradação térmica da madeira em um ambiente controlado por oxigênio.
Esse processo tem como objetivo aumentar o teor de carbono fixo na madeira por meio de tratamento térmico.
Ao se colocar uma peça de madeira sob ação do calor, seus principais componentes são destruídos, fato que forma o carbono e outros diversos compostos. São eles:
Componentes do carvão
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Componentes
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Valor médio
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Alcatrão insolúvel | 7% | ||
Gases não condensáveis | 25% | ||
Ácido pirolenhoso | 33% | ||
Carvão | 35% |
Quando for produzir carvão, independente dos equipamentos utilizados, faça o controle dos parâmetros de carbonização. Esses parâmetros são: a temperatura final da carbonização, a taxa de aquecimento e a pressão.
Todos esses fatores influenciam no rendimento do processo de carbonização, podendo também influenciar de maneira significativa os rendimentos dos produtos e suas características físicas e químicas.
De modo geral, o aumento da temperatura de carbonização tem como resultado a elevação dos rendimentos de líquido e gás, diminuindo a porcentagem de carvão.
O que acontece basicamente nesse processo é o aumento da concentração de carbono, reduzindo o rendimento final do carvão.
O melhor carvão é obtido com temperaturas finais entre 400ºC e 500ºC. Em temperaturas superiores, o carvão perde rendimento significativo e em temperaturas inferiores, o resultado é um produto de baixa qualidade.
Quanto mais lenta a taxa de aquecimento, maior o rendimento em carvão. Teoricamente, o melhor carvão é obtido com menores taxas de aquecimento, pois ele terá maior rendimento e maior teor de carbono fixo.
Porém, na prática, isso não é de vital importância, pois o tempo que ele permanece no forno é muito elevado, mesmo ganhando em rendimento e qualidade.
Taxa de aquecimento |
Tempo de carbonização |
Rendimento em carvão
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2,3ºC/min |
3 horas |
34,1% |
1,0ºC/min |
6 horas |
35,0% |
6,0ºC/hora |
6 dias |
40,8% |
2,3ºC/hora |
8 dias |
40,5% |
As condições de pressão, do ponto de vista prático, são pouco importantes, pois normalmente os fornos trabalham utilizando a pressão atmosférica.
A qualidade do carvão vegetal depende de algumas propriedades da madeira e de parâmetros de carbonização.
Densidade: um dos mais importantes fatores, pois além de afetar as outras propriedades, interfere de forma significativa na qualidade de seus derivados.
Umidade: a umidade tem grande importância nos rendimentos conseguidos nos fornos de carbonização. É ela a responsável pela qualidade do carvão.
Dimensões: diâmetro e comprimento da peça a ser carbonizada. O diâmetro ideal está entre 10 e 20 cm.
Composição química: a madeira usada na produção de carvão deve conter mais legnina, componente que o produz.
Apesar de não ser um processo simples, basta ter lenha e um local adequado para carbonizá-la que você pode se tornar um produtor de carvão.
A madeira recém-cortada leva mais de 60 dias para ficar boa. O ideal é deixá-la secando por um período de 90 a 120 dias.
O bom carvão é feito a partir da lenha seca e em quantidade suficiente para atender à demanda dos fornos. Programe a sua produção para evitar paralisação das atividades e evitar prejuízos.
Praça de carbonização
A praça de carbonização deve ser de fácil acesso para os caminhões carregados. Perto de florestas, próxima a água e livre de enxurradas.
O local onde será feita a carbonização deve ser bem aplainado, compactado e encascalhado e deve ter inclinação para escoamento da água da chuva. Além disso, construa diques ou canaletas para proteger a praça de carbonização de possíveis enxurradas.
Forno rabo-quente
Os fornos de alvenaria são compostos por uma caixa cilíndrica, formada por uma parede que se fecha no alto, formando uma cúpula. O forno rabo-quente é o mais utilizado por pequenos produtores por ser de simples construção e baixo custo.
O tipo, a quantidade e o tamanho dos fornos a serem construídos em uma propriedade varia de acordo com a quantidade de madeira a ser carbonizada.
Esse tipo de forno é feito de argamassa de barro e areia, que não deve ser retirada da superfície do solo. Isso é recomendado, pois esse material deve estar livre de matéria orgânica, como restos vegetais.
Cura do forno
A cura do forno é feita para que sua secagem seja lenta. Deve-se queimar a lenha em seu interior por longos períodos, lentamente, evitando-se o aumento brusco da temperatura.
A cura reduz a ocorrência de trincas na copa do forno, facilitando a manutenção e aumentando sua vida útil.
Forno de encosta
O forno de encosta é próprio para terrenos acidentados. A encosta é aproveitada como parede do forno, economizando material para construção.
Para encostas não muito íngremes constrói-se o forno de meia encosta. Metade é cavada ali e outra metade é feita com tijolo.
O processo de construção de um forno de encosta é muito parecido com o do rabo-quente. A diferença fica mesmo por conta do fato de ser necessário escavar as paredes.
Forno container
Esse tipo de forno consiste em um container metálico cilíndrico, com capacidade para três metros cúbicos de lenha, um poço de alvenaria com câmara de combustão na base e um sistema de eliminação de poluição.
O manuseio do container é facilitado por um sistema de trilhos
O forno container pode ser feito de duas maneiras diferentes alvenaria ou metálico. O de alvenaria é uma estrutura cilíndrica construída de tijolos, com 60 cm de sua altura total localizado abaixo do solo, um poço onde o container é alocado.
O container metálico é um cilindro de chapa metálica. O local onde é colocada a madeira deve ser reforçado.
No Brasil, quase oito milhões de toneladas de carvão são consumidos por ano. Desse total 60% é produzido de madeira de eucalipto proveniente do reflorestamento.
O alcatrão, uma das substâncias liberadas no processo de carbonização, possui mais de 400 compostos. Dentre eles, os hidrocarbonetos poliaromáticos, causam grande impacto ambiental, devido às suas propriedades cancerígenas e mutagênicas.
A grande parte das carvoarias brasileiras utiliza fornos de alvenaria tradicionais. Esses fornos não possuem sistema de eliminação ou reciclagem da fumaça, o que faz com que a população vizinha desses locais sofra as conseqüências e também o meio ambiente.
A poluição vinda da produção de carvão vegetal pode ser diminuída a níveis mínimos. Para isso, basta que o equipamento de carbonização tenha um sistema de recuperação ou queima de compostos orgânicos condensáveis, presentes na fumaça.
Recuperador de alcatrão: o funcionamento do recuperador inicia na sucção dos gases emitidos. Um ventilador succiona esses gases, lançando-os em velocidade para os ciclones de recuperação. Os gases praticamente isentos do alcatrão são conduzidos a um segundo ciclone, ficando ainda mais purificados, e só depois lançados na atmosfera.