Potencial para crescer

potencial, crescer, crescimento, competitividade, cenário econômico, mudanças, amplitude

Caso a política econômica brasileira não mude em 2007, conferindo prioridade a um processo mais dinâmico e firme de crescimento do PIB, o nível de atividades continuará letárgico, acelerando a desindustrialização por que estamos passando, deixando o País de ser competitivo, uma vez que a indústria foi a base de todos as nações do primeiro mundo. Tal reflexão é muito pertinente ante a preocupante projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de que, mesmo promovendo melhorias no cenário econômico, o Brasil somente poderá ingressar num ciclo de crescimento sustentado anual de 5% a partir de 2017.

Não podemos condenar a acreditada instituição pelo amargo prognóstico, pois seus técnicos baseiam as análises nas estatísticas e na política econômica. E, em 2005 e 2006, as estatísticas conspiram contra o Brasil, que cresceu abaixo de todos os emergentes, dos vizinhos sul-americanos e da média mundial. Aliás, nem seria necessário grande esforço de raciocínio para concluir não estar apto à prosperidade um país com os juros mais altos do mundo, dívida pública elevadíssima (hoje beirando um trilhão de reais), impostos equivalentes a 37% do Produto Interno Bruto (PIB), burocracia exagerada, câmbio inimigo das exportações e deficiente em infra-estrutura, além do grave problema da violência e dos ataques do crime organizado.

 
Porém, a congruência entre a realidade e as estimativas do IPEA não deve nos levar à resignação de entender o vaticínio como irreversível. É possível mudar a história! Tal possibilidade está expressa em trabalho da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). O documento, denominado “2007 / 2010: Brasil na Busca do Crescimento Econômico”, estabelece meta de 4% para o incremento da economia em 2007. Nos anos posteriores, até 2010, a evolução prevista é de 0,5 ponto percentual por exercício. O estudo identifica os seguintes problemas a serem enfrentados: taxa básica de juros e spreads bancários muito altos; câmbio sobrevalorizado, que compromete o crescimento; os gastos públicos são excessivos e de baixa eficiência; o investimento público federal é insuficiente; o sistema previdenciário é insustentável; a carga tributária é excessiva e tem tributos de má qualidade.

O cerne do trabalho, que coincide com as aspirações de todos os setores produtivos e empresas do País, é a mudança de enfoque da política econômica nacional: em vez de as metas inflacionárias, como hoje ocorre, balizarem as demais, a expansão sustentada e mais substantiva do PIB passará a ser a prioridade, condicionando todos os outros objetivos. Significativa queda dos gastos públicos e fim dos desvios financeiros, possibilitando aumentar os investimentos privados e do Governo Federal e viabilizando o superávit nominal da União, realização das reformas tributária e previdenciária e ajustes no câmbio sintetizam as estratégias para viabilizar o novo modelo.

Promover as mudanças necessárias para o ingresso do País num ciclo duradouro de crescimento sustentado é um legítimo anseio de todas as empresas, mesmo as que, por circunstâncias do mercado e inusitado esforço de superação, conseguiram resultados muito acima da média nacional em 2006, como a Dimep, que fechou o ano com faturamento de R$ 60 milhões, significando expansão de 20% ante 2005. É preciso um olhar mais amplo sobre a realidade nacional, disseminando-se a consciência de que o crescimento, além de desejável, é absolutamente viável e exeqüível! Aliás, não pode mesmo ser ignorado o potencial de desenvolvimento de um país com 190 milhões de habitantes, indústria avançada, a maior reserva hídrica e biodiversidade do mundo, recursos minerais abundantes, agronegócio eficiente, amplas terras agricultáveis e clima favorável. São poucas as nações com tantas vantagens competitivas. 

Dimas de Melo Pimenta II, economista, é presidente da Dimep e diretor do Departamento Sindical (Desin) da Fiesp.

Emprego e Renda 15-02-2012 Artigos

Deixe um Comentário

Comentários

Não há comentários para esta matéria.