Liberte-se da autosabotagem

Você se considera uma pessoa azarada, com menos sorte do que outras e vítima de inveja? Cuidado! Você pode estar se autosabotando!

Você se considera uma pessoa azarada, com menos sorte do que outras e vítima de inveja? Cuidado! Você pode estar se autosabotando!

As crenças são formadas desde a infância por aspectos sociais e pessoais. Os sociais são valores compartilhados por pessoas que vivem ao seu redor, e essas crenças são tidas como verdadeiras. Já os pessoais englobam a forma como você experimentou as situações de sua vida, aspectos considerados negativos tendem a formarem crenças negativas.

Para o inconsciente não existe “tempo”, isso significa que uma experiência vivida como muito negativa, ao ser recordada, trará à tona toda emoção vivenciada em épocas passadas. Por exemplo, Cláudia¹ é uma mulher que possui baixa auto-estima, quando pequena, na escola, a professora a colocou de castigo na frente dos colegas porque ela não soube responder a uma questão específica. A experiência, vivenciada de forma negativa e traumática permaneceu, e se transformou na crença de que era inferior às outras pessoas e na sensação de dúvida sobre seu próprio potencial intelectual. Mais tarde, o episódio na infância foi “esquecido”, permanecendo apenas a crença e a sensação de inferioridade intelectual.

As crenças podem ser positivas ou negativas, conscientes ou inconscientes. Mas todas possuem forte influência sobre o comportamento. Exemplos de crenças:

• Consciente e positiva: “posso aprender o que eu quiser”

• Consciente e negativa: “não consigo fazer regime”

• Inconsciente e positiva: surge em forma de sentimento ou sensação, e traduz-se, por exemplo, na afirmativa “confio em minha determinação e capacidade”

• Inconsciente e negativa: também surge em forma de sentimento e/ou sensação corpórea de que, por exemplo, “por mais que me esforce nunca serei bom(a) nisso”.

Outro exemplo de crença consciente é a superstição. Há pessoas que acreditam que não devem passar debaixo da escada, pois se o fizer terá azar. É uma crença consciente porque a pessoa consegue justificar por que se comporta desse jeito. O grande problema são as crenças errôneas e inconscientes. Elas paralisam o crescimento e causam autosabotagem, e por não conhecer a crença limitante, a pessoa não sabe lidar com ela nem explicar determinados comportamentos.

O problema de continuar com as crenças errôneas, é que elas podem se traduzir na Síndrome de Sísifo – personagem da mitologia grega que fora condenado pelos deuses a realizar um trabalho inútil e sem esperança por toda a eternidade: empurrar, sem descanso, uma enorme pedra até o alto da montanha, de onde deveria soltá-la para começar tudo novamente – é a sensação de lutar, lutar e lutar, mas não sair do lugar e nunca alcançar o sucesso.

Veja alguns exemplos de crenças limitantes que:

1) Sabotam o sucesso financeiro: algumas pessoas não conseguem guardar dinheiro, ou ganhar bem, ou ser bem sucedido financeiramente porque possuem crenças que giram em torno de afirmações do tipo “dinheiro não traz felicidade”, “dinheiro é sujo”, “onde há dinheiro, há desavenças”, “dinheiro só traz desgraça”, “todo rico é metido e falso”, “todo rico é ladrão”. 

A pessoa associa dinheiro com coisas negativas e, como não quer ter desgraça na vida, ou ser rejeitado por ser metido, falso e tachado de ladrão, prefere não ter o dinheiro. Inconscientemente se sabota, e todo dinheiro que ganha é gasto de forma banal e não de forma a gerar mais riqueza. Mal recebe o salário e já está gastando. Não há o contato com o dinheiro e nem a valorização do mesmo. Há, ao contrário, uma necessidade de se livrar dele o mais rápido possível.

2) Sabotam a felicidade no amor: algumas pessoas não conseguem ser felizes no amor, acabam atraindo para si pessoas que as fazem sofrer, que as traem, etc. Essa autosabotagem pode estar vinculada a crenças do tipo “não nasci para ser feliz”, “é muito difícil encontrar alguém que me mereça” (falsa auto-estima), “ninguém vai me querer”.

A crença de que nunca poderá ser feliz no amor, faz essa pessoa buscar outras pessoas que as fazem sofrer. Se sente atraída por pessoas “erradas”. Para amigos próximos, é fácil perceber que a vítima desse tipo de crença faz escolhas erradas com relação aos parceiros, pois só de olhar já dá para perceber que não combinam e que dificilmente o relacionamento dará certo.

Toda crença é uma verdade para quem acredita, sendo assim, ela se torna uma “profecia”, e, como em toda profecia, precisa se realizar porque só assim ela permanece viva. Quando o relacionamento termina, por exemplo, por uma traição, a vítima da crença costuma dizer “viu, como eu tinha razão!? Homem nenhum presta!”

3) Sabotam o sucesso no trabalho: esse grupo de pessoas sofrem a influência de crenças que se traduzem em afirmações como: “quanto maior a altura, maior o tombo”, “após o sucesso, vem sempre o fracasso”, “trabalho demais não deixa viver”, “quanto maior o sucesso maior é a responsabilidade”, “o sucesso atrai gente falsa”.

Da mesma forma como acontece nas demais crenças, a profecia se realiza. O grande paradoxo é que conscientemente ela deseja o sucesso, mas inconscientemente ela evita a “responsabilidade”, o “fracasso”, o “tombo”, a “falta de tempo para viver”. A incongruência entre o desejo consciente e o medo inconsciente trabalhando num mesmo foco (sucesso no trabalho), faz com que a própria pessoa se sabote, seja fazendo escolhas erradas, tomando decisões equivocadas.

É importante enfatizar que as crenças sabotadoras fazem com que situações desagradáveis da vida se tornem repetitivas. Desta forma, nem todo problema financeiro é resultante de crenças errôneas, a não ser que elas se tornem repetitivas.

O grande vilão das crenças sabotadoras é a baixa auto-estima, que é consequência da baixa autoconfiança, e falta de amor por si próprio. Amar a si próprio significa conhecer a si mesmo, reconhecer os talentos que possui e potenciais que precisam ser desenvolvidos. Significa ser tolerante consigo mesmo sabendo que a vida é um caminho de crescimento e que erros e tropeços fazem parte.  Significa querer bem a si próprio, desejar e aceitar a felicidade e o amor em sua vida.

Meiry Kamia é palestrante, psicóloga, mestre em Administração de Empresas, consultora organizacional. Diretora da Meiry Kamia - Consultoria, Treinamento e Desenvolvimento de Pessoa.


Victor Monteiro 17-10-2012 Artigos

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