Benefícios: bom para os funcionários, melhor para as empresas

Vale transporte, vale alimentação, cesta básica, plano de saúde, plano odontológico, auxílio creche e participação nos lucros são alguns dos benefícios hoje oferecidos pelas empresas e garantidos aos trabalhadores de acordo com as leis trabalhistas.

Entretanto, as pessoas, principalmente as mais qualificadas, querem mais. Um levantamento recente, realizado pela empresa de recrutamento Page Personnel, indica que, embora valorizem todas essas vantagens, profissionais de nível gerencial, analistas e coordenadores, também estão interessados em outros benefícios como carro, ações da companhia, 14º. salário, auxílio-educação e plano de previdência privada.

Essa maior demanda por benefícios nada mais é do que o reflexo da situação de pleno emprego que o mercado brasileiro vive atualmente. Diante da escassez de mão de obra qualificada, reter e atrair talentos tem sido um grande desafio para a maioria das companhias. No ano passado, estudo da consultoria internacional Hay Group realizado com 83 empresas brasileiras, revelou que 43% delas estão muito preocupadas em criar estratégias para manter os melhores profissionais. Ainda segundo a pesquisa, 79% das empresas procura investir no desenvolvimento de carreira de seus funcionários para, principalmente, retê-los. Dessa forma, quem é diferenciado, sabe que poderá exigir da empresa, mais vantagens.

Para motivar e principalmente reter seus talentos as empresas precisam, cada vez mais, usar inteligentemente os benefícios que oferecem.  Independentemente do porte ou segmentos, as companhias possuem quatro moedas de troca ou fatores que motivam seus funcionários.

Dinheiro - que está relacionado ao salário, 13º. e outros mecanismos de recompensa monetária.

Segurança - que está relacionado à estabilidade do emprego e um bom ambiente de trabalho.

Aprendizado - que é todo o conhecimento que a empresa proporciona por meio de treinamentos formais e do aprendizado informal.

Reconhecimento - é como a empresa proporciona aprovação social ao indivíduo: elogios públicos, promoções e reconhecimento.

Cada indivíduo, entretanto, tem necessidades em diferentes intensidades. Pessoas cuja principal motivação é o dinheiro, preferem trabalhos que ofereçam remuneração variável, aceitam bem o desconforto, a falta de estrutura e de qualidade de vida se sentirem que têm a chance, mesmo de ganhar bem.

Quanto maior for a necessidade de segurança,  maior será o medo real ou presumido de perder algo: produção, dinheiro, trabalho, bens materiais ou saúde. Pessoas assim arriscam pouco, pois o medo de perder é maior que o desejo de ganhar. Gostam de empregos “garantidos”, têm muito medo de serem enganadas, de não receber o que foi combinado, ou de serem passadas para trás.

Quanto maior for a intensidade da necessidade de aprendizado, mais valorizados serão os trabalhos que propiciem oportunidades de receber treinamentos técnicos intensivos e, principalmente, o aprendizado informal que seria impossível adquirir em livros ou cursos teóricos. Quanto mais alta a necessidade de reconhecimento, maior será a preocupação do indivíduo com a obtenção de um status especial. Representa um desejo de ser aprovado e de ter oportunidades para demonstrar sua competência profissional. Tende a valorizar cargos ou títulos, gostaria de se sentir uma pessoa importante e se possível, famosa e admirada.

Quem prioriza o dinheiro, inconscientemente, deixará em segundo plano as outras moedas, abrindo mão principalmente da segurança e do tempo para estudar e aprender. A pessoa que prefere um trabalho que lhe proporcione mais segurança que dinheiro ou status terá uma carreira mais estável, mas provavelmente ganhará menos. Há profissionais que escolhem trabalhar em empresas que invistam em sua formação e o preparem para futuramente alcançar novos cargos na empresa. Não há uma opção melhor que a outra, apenas consequências.

É muito importante que a fórmula que a companhia realmente oferece, seja muito clara e isso tem a ver com a estrutura, os valores e a cultura da organização e não com o discurso.  Afinal um funcionário motivado e feliz com o trabalho não muda de emprego com facilidade. Para isso, é fundamental que os líderes tenham uma proposta clara para oferecer a seus funcionários, sabendo interpretar as necessidades, principalmente, dos mais talentosos.

Dentro deste processo, pode entrar a contribuição das empresas fornecedoras dos benefícios ou consultorias, que ao lado dos departamentos de Rh das companhias, poderão identificar, por meio de avaliações e pesquisas, o que pode ser melhorado e oferecido.

Se toda esta análise for muito bem feita e a estratégia bem aplicada, as chances de sua empresa melhorar a utilização dos benefícios que oferece será muito maior.

Eduardo Ferraz é consultor em Gestão de Pessoas há 21 anos e especialista em treinamentos usando como base a Neurociência comportamental.

Emprego e Renda 25-04-2013 Artigos

Deixe um Comentário

Comentários

Não há comentários para esta matéria.