Tecnologia, transferência e incubação

 Observando a história da educação, é possível notar quatro momentos distintos. Primeiro cenário: a escola como repetidora, uma vez que apenas

 Observando a história da educação, é possível notar quatro momentos distintos. Primeiro cenário: a escola como repetidora, uma vez que apenas transmite o conhecimento ao aluno. Sua função, ensinar o que existia. A produção acontecia fora do ambiente universitário. Seguindo mais a frente, em um segundo momento, a universidade passa a adotar a ciência, porém isso ainda não acontece sob forma de pesquisa.


Surgido nos Estados Unidos, o conceito de extensão transforma a pesquisa científica, uma vez que a extensão universitária pode ser tida como um processo responsável por unir o ensino à pesquisa tornando possível efetivar uma verdadeira relação entre a universidade e a comunidade na qual ela está inserida. A conseqüência desse processo é a geração de conhecimento a partir da realidade da social.

Na década de 50, são criados no Brasil órgãos responsáveis por apoiar a pesquisa científica, fato esse que muda a perspectiva do cenário. Desde então, de acordo com o professor Paulo Tadeu L. Arantes, diretor executivo do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa (Centev/UFV), a pesquisa científica passou por quatro diferentes etapas. Nos anos 70, a grande questão era o que se pesquisava.

Seguindo um pouco mais no tempo, a segunda etapa foi marcada por publicações. Na década de 80, com o avanço e acumulação de conhecimento científico, a grande questão discutida era a patente. Com o passar do tempo, em dias atuais, a inovação tecnológica deve vir acompanhada da transferência de conhecimento. A verdadeira produtividade de uma pesquisa é medida pelo número de empregos que ela gera, pois como nos explica Arantes, “falar de geração de emprego é falar de geração de conhecimento, e, somente dessa forma, é possível gerar mão-de-obra qualificada”. 

 Maquete Parque Tecnológico da UFV (Universidade Federal de Viçosa

Gerar empregos hoje não é somente formar alunos, é necessário que as universidades façam mais do que isso. Nas palavras do diretor da Centev, “as universidades precisam buscar profissionais capazes de transferir o conhecimento para a sociedade transformando-os em empregos”. E é dentro desse cenário que se encontram as incubadoras de empresas e os parques tecnológicos.


 

 

Vínculo Formal de Parque Tecnológico



Fonte: Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores)

De acordo com o professor Nédson A. Campos, coordenador da Centev/UFV, uma incubadora “é uma facilitadora da transferência de conhecimento, uma geradora de oportunidades”. Ela abre caminhos e possibilita que boas idéias possam se transformar em produtos ou serviços para que bons negócios tenham condições de surgir e desenvolver. Dentro desse ambiente, as empresas têm todo o respaldo para prosseguir com o empreendimento, pois elas contam com o apoio necessário para crescer. Além de levar como “sobrenome” o prestígio de grandes instituições.

Para o sócio-diretor da Alpha Produtos Químicos, Willian Carnicelli, crescer incubado foi o melhor começo que a empresa poderia ter. “Só temos elogios a tecer, pois dentro da Cietec (Centro Incubador de Empresas Tecnológicas) tivemos todo o tipo de apoio, desde a infra-estrutura até acompanhamento na área de empreendedorismo, fato esse que nos permitiu centrar em nossas pesquisas de química fina.” A Alpha, residente no Cietec, é uma empresa que desenvolve tecnologia de produtos farmacoquímicos de baixa demanda física na área da química fina. “Concentramos nossa pesquisa e produção em substâncias de alta potência”, nos explica o Carnicelli, que conheceu a incubadora por meio de um amigo. “Ficamos encantados com a idéia e conseguimos passar por todos os processos de uma rigorosa seleção até nos tornamos uma empresa incubada.” A Alpha é hoje uma empresa graduada e aguarda a inauguração do Parque Tecnológico para ampliar, ainda mais, suas instalações.

Porém, é preciso deixar claro, que o fato de estar respaldado por nomes fortes não significa que o novo empresário não precise andar com as próprias pernas. Como nos explica Arantes, “o conceito de incubadora de empresa está intimamente ligado com o conceito de empreendedorismo” e, como característica marcante, um empreendedor deve ser uma pessoa pró-ativa, alguém que sabe enxergar oportunidades e analisar as melhores estratégias para alcançá-las.


 

Os benefícios de nascer incubado

O nome incubadora de empresa surgiu de uma analogia com as incubadoras neonatais devido ao fato de preparem as empresas durante o seu período de amadurecimento. Dentro delas, os novos empresários têm acesso a todo o suporte necessário – desde uma infra-estrutura a baixo custo até serviços de capacitação, treinamento e acompanhamento. Além de poder contar com assessoria jurídica, de marketing, atendimento ao cliente.

De acordo com pesquisa realizada pela Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), em 2005, 297 incubadoras de empresa estão em operação no Brasil. Outras 92 se encontram em fase de implantação e 25 em estágio de projetos. O Sul é a região que mais tem incubadoras implantadas. São 128 incubadoras de empresa seguida pela região Sudeste, com 96. A região Norte é onde esse número é menor – 9.

As incubadoras de base tecnológica são voltadas para empreendimentos que promovam o desenvolvimento tecnológico, econômico, social disseminando o empreendedorismo e, consequentemente, gerando empregos. Segundo o diretor executivo da Centev, Paulo Tadeu L. Arantes (foto), as empresas que pretendem passar pelo processo de seleção para ingressar na incubadora precisam mostrar, além de um grau de inovação e a viabilidade do produto ou serviço a ser oferecido, a capacidade dele de geração de empregos.

A interação com a universidade é outro quesito importante para o sucesso do negócio devido à ocorrência de transferência de tecnologia para a sociedade. É o que aponta o diretor da Green Technologies, empresa instalada dentro da Incubadora de Empresa de Base Tecnológica da Unicamp, Franz Salces. “Somos uma empresa voltada para o desenvolvimento de soluções técnico-científicas para o setor produtivo e institucional e não para o consumidor final. Por isso, o ambiente da Unicamp constituiu-se em um lugar ideal para o desenvolvimento de uma empresa de base tecnológica. O desenvolvimento da empresa fora da incubadora é a conseqüência do trabalho desenvolvido na etapa de incubação.” A Green Technologies é uma empresa transferidora de tecnologia, que se dedica a desenvolver soluções técnico-científicas na área de ciência, tecnologia, alimentos e nutrição e é responsável pela criação de uma linha de produtos de alimentos funcionais com alto valor agregado denominada Conveniência e Saúde.


 

Classificação de Incubadoras de Empresas


Fonte: Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores)
Emprego e Renda 01-06-2008 Cursos

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