Consumidor comanda a economia. Não o governo

O Estado não deve interferir na economia. Ela se ajusta por si só”. Esta lição de Adam Smith, economista e filósofo escocês, pai da economia moderna e considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico, continua sendo referência para os países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento.


É uma pena que suas teses sejam tão pouco conhecidas e aplicadas no Brasil. Sua leitura mostraria às nossas autoridades o que vem a ser economia de mercado e, mais que isso, o fato de que o intervencionismo exagerado do Estado na vida produtiva semeia a miséria desde o advento do socialismo.

Países avançados enriqueceram por entender que dividir o trabalho reduz custos, permite baixar preços e, em consequência, aumentar salários em razão de lucros maiores. A isso se chama livre iniciativa, um processo que não sofre intervenção do Estado e sem algemas que estrangulam os pulsos dos empresários e sua vontade de empreender e crescer.

Nessa moldura, inserimos a questão da terceirização. Trata-se, como se sabe, de um avanço que permitiu às economias modernas crescer e dividir riquezas, dos Estados Unidos ao Japão. Na Europa, 90% das empresas terceirizam suas atividades e 80% dos produtos são comprados de terceiros. O exemplo mostra como estamos atrasados nesse quesito.

Terceirização virou um termo maldito no Brasil. Toma-se como modelo algumas poucas empresas clandestinas que exploram trabalhadores e precarizam o trabalho, estendendo-se essa falsa impressão a todos os segmentos da economia. Pura deformação de quem não conhece o assunto ou, por outros interesses, faz questão de não conhecer.

Empresas sérias do ramo valorizam o trabalho, investem pesadamente em qualificação de mão de obra, alavancando os sistemas produtivos e gerando milhões de empregos formais no País.  Essa é, na prática, a visão de Adam Smith de que a economia se ajusta por si só.

Aqui, em direção ao atraso, usam-se todas as formas de coerção à iniciativa privada e à terceirização. O governo procura manter o controle das atividades, impõe uma pesada carga tributária, e o Judiciário, com base na ultrapassada Consolidação das Leis do Trabalho, vira algoz com seu costume de apenar as empresas.

Cabe lembrar que a CLT, de 1943, é uma cópia da Carta del Lavoro de Benito Mussolini e aí está com seus remendos há 70 anos, como se o mundo não tivesse mudado um milímetro desde então.

O preconceito contra a terceirização começa na legislação, que proíbe a contratação de mão de obra para atividade-fim. Ora, se um profissional é mais qualificado para determinada função, pouco importa se seu trabalho é pago por esta ou aquela empresa, desde que cumpridas todas as formalidades legais, com seus direitos assegurados.

As terceirizadas são as mais capacitadas para qualificar mão de obra. Além disso, o importante é que o resultado do trabalho agrade ao consumidor, razão primeira de toda essa engrenagem. O governo acha que, ao impor regras mal costuradas, vai proteger os trabalhadores. Ora, ninguém pode garantir o emprego – nem o governo, nem as empresas, nem os sindicatos, somente o consumidor.

É neste que menos se pensa quando se impõe um ideário falso de limitações. “O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção”, ensina Adam Smith.

Funcionários das empresas prestadoras de serviços em telefonia entram em sua casa, prezado leitor, ligando-a ao mundo por todos os meios modernos de comunicação. Não fariam bem seu trabalho sem formação adequada.

Pois são as terceirizadas que se esmeram em treinamento de segurança e saúde do trabalho; instalação e reparação de linhas e aparelhos; atendentes; técnicos em ADSL; desenvolvimento de gestores/supervisores; instalação, configuração e reparo de FTTX; profissionais de fibras óticas e mais uma série de cursos de aperfeiçoamento.

Além disso, a modalidade da terceirização abre as portas para os jovens em busca do primeiro emprego, dando-lhes invejável formação técnica, com treinamentos e desenvolvimento. Os jovens aprendem a legislação específica, direitos, recebimentos, têm aulas de adaptação social, de versatilidade de venda de produtos diversos, de português e de desenvolvimento de raciocínio lógico.

O Brasil precisa, isso sim, de ampliar os quadros de mão de obra e qualificar o maior contingente possível de trabalhadores. Não é tarefa fácil em razão de altos custos. Importante pensar na roda: as operadoras de telefonia do País precisam crescer mais e se desenvolver sem amarras, sem essas imposições ilógicas da Anatel.

Com seu crescimento, também crescerão fornecedores e prestadoras de serviços, enquanto a melhora da qualidade do serviço chegará mais rápido ao consumidor. Vivemos tempos de mudanças. Urge acompanhar a dinâmica da produção. Os príncipes de pés de barro de Brasília deveriam pensar, todo tempo, em evitar que o Brasil perca, mais uma vez, o trem da história. Mais uma vez, Adam Smith aparece puxando a orelha dos que ficam para trás: “A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes.”

Vivien Mello Suruagy é engenheira, e é presidente do Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços em Telecomunicações (Sinstal)

Victor Monteiro 20-02-2013 Artigos

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