A dificuldade de votar em época de eleições políticas

Muitas pessoas ficam agitadas em tempos de eleições. Especulam sobre os possíveis resultados, sobre quem irá vencer a disputa de cada cargo e passam

Muitas pessoas ficam agitadas em tempos de eleições. Especulam sobre os possíveis resultados, sobre quem irá vencer a disputa de cada cargo e passam horas discutindo as vantagens e desvantagens de cada partido, de cada político. Apesar disso, ao contrário de muitos, o sentimento que eu tenho em época de eleição é simplesmente de INDIFERENÇA.

Não que eu não tenha interesse por política. Muito pelo contrário. Gosto de estar por dentro do assunto, faço questão de acompanhar o que os políticos fazem, na medida do que é transparente ao nossos olhos. Mas, sinceramente, no atual momento não creio que meu voto surtirá efeito. Desde de que eu atingi idade e maturidade suficiente para saber do que a política se trata, só tenho más recordações.

Os escândalos políticos, como o mensalão, certamente, são os mais lembrados. Mas, além deles, a existência de muitas outras coisas por aqui também me indigna, como os impostos altíssimos, o estouro nos orçamentos de quase todos os projetos feitos, a escolha por investimentos que proporcionam lazer em detrimento de necessidades básicas (famosa política do pão e circo), entre outras inúmeras incoerências e corrupções.

Fatores como esses me desanimam totalmente em relação à política no Brasil. Confesso que estou desiludido. Até creio que alguns cargos importantes estão ocupados por políticos bons e capazes, no entanto, tenho certeza de que eles são minoria e por isso pouco conseguem mudar diante do panorama atual. O famoso Capitão Nascimento do conhecido filme “Tropa de Elite” já referia-se às autoridades políticas como um “sistema”.

Eu estou de acordo com essa ideia. Acredito que as falhas na política são advindas de padrões de comportamento coniventes com o que eu chamo de “zona de aceitação”. Muitos políticos de valor, chegam a esse mundo dispostos a implementarem sua ideologia, com base na justiça e no bem comum. No entanto, deparam-se com um ambiente extremamente corrompido, que rejeita qualquer interferência contrária e destoante do que já existe. Eis que chegamos à “zona de aceitação”. Ou eles aceitam a atual situação, ou eles estarão encrencados e serão esmagados pela maioria complacente.

Sempre torço para que pessoas revolucionárias assumam cargos políticos e batam de frente com esse sistema, propondo formas audaciosas e incisivas em prol dos interesses da população nacional, como a redução brusca nos impostos (um dos problemas que considero absurdo em nosso país).

Atualmente não voto na cidade onde moro e não faço questão alguma de viajar “somente” para votar. Transferir meu título para a cidade onde moro também é algo pelo qual não encontro estímulo ou motivação nenhuma.

Gostaria muito de ir até uma urna e votar com satisfação, pensando que, de fato, estaria contribuindo para a melhoria do nosso país. Mas, não acho que seja o caso. Se fosse votar nessas eleições, eu votaria em branco ou nulo. “Branco” e “nulo”, talvez sejam palavras que resumam bem o que a política tem representado para mim.

Estou desiludido com algo que não deveria estar, pela tamanha importância que a política tem. Mas, estou. Espero que, em breve, minha chama de interesse pela política se acenda. Terei o maior prazer em votar, sabendo que o meu voto tem valor e, de fato, poderá contribuir para o desenvolvimento do nosso país.

Apesar disso, não perco totalmente as esperanças, procuro ser otimista e vislumbro que as coisas melhorem por aqui. Nossa geração pode fazer a diferença, desde que nos tornemos mais ativistas e politizados que a geração anterior.

Penso que nós, brasileiros, deveríamos fazer alguma manifestação incisiva. Ou todos votarmos em branco, ou ir para as ruas para protestarmos com muito mais frequência e fervor (sem violência nenhuma, é claro). Enfim, algo tem que ser feito. É fundamental que os políticos percam esse respaldo de “que o povo não irá protestar caso errem”. Dessa forma, pensariam por mais alguns minutos antes de serem displicentes ou mal-intencionados.

Parabenizo quem conseguirá votar nessas eleições. Espero que escolham candidatos que sejam competentes e não votem “brincando”(voto em pessoas caricatas como forma de protesto). Em um futuro não muito distante, espero que as coisas mudem e tenhamos todos, o prazer em votar.

Victor Monteiro Lopes, estudante de administração da Universidade Federal de Viçosa(UFV)

Victor Monteiro 06-10-2012 Artigos

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